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Atendimento nota zero, parte 2

24 mar

Se há algo que Floripa não tem do que se orgulhar no alto dos seus 283 anos completados ontem, esse algo é o atendimento ao cliente. Já falei sobre isso outras vezes, mas infelizmente, me vejo obrigada a repetir o assunto aqui. Bem que me avisaram: “Nem vai lá, o atendimento é péssimo, tá tudo muito atrapalhado e a equipe não tem preparo nenhum”. Mesmo assim, no último final de semana, resolvi conhecer a nova versão de bar/café/restaurante 24h reaberto neste mês no centro da cidade. 

Chegando lá, logo na porta, o maître despejou uma nada breve apresentação da casa, reforçando que “possuíam a mais completa carta de vinhos de Florianópolis, que tudo que quiséssemos beber eles tinham, assim como também ofereciam tudo que quiséssemos comer, e uma variedade imensa de sobremesas. Sem falar do atendimento: excelente”! Uau! 

Menos de meia hora depois de toda essa propaganda, tudo veio abaixo – em mim, aliás. Ao pegar o primeiro copo de chopp da noite, para tomar o último gole, tchanannn! O copo estourou na minha mão. Assim, do nada. Depois de sair da mesa, antes de chegar a minha boca. Espatifou, na minha mão. Foram alguns segundos tentando entender o que tinha acontecido. “Ok, não me cortei, minha mão tá ok, minha boca também. Não tem sangue aqui, mas meu vestido encharcou, ok ok, dos males o menor”.  

Chamei o garçom. Relatei o acidente. Com um risinho que ainda não conseguir decifrar, nem entender por que diabos estava no rosto dele, limpou a mesa e pegou os cacos. Saiu. “Ele não entendeu né? Ele acha que eu to bêbada e deixei o copo cair, é isso?”. Chama o garçom de novo. Volta com o mesmo risinho que não fazia sentido. Aí eu contei mais uma vez o que acabara de acontecer. Aí, bom, aí ele tentou justificar o injustificável. Foi trágico. “Olha, todos os copos são conferidos antes de serem usados. Você tá vendo que o cristal é muito fino e frágil, né? Qualquer esbarrão ele pode quebrar.” Uma amiga interrompe: “Moço, olha pra mão dela. Acha que ela conseguiria quebrar um copo com a mão?”. Continua a leréia, acompanhada do risinho maldito: “Não, veja bem… Não é isso. É que se o copo tivesse trincado, ele não chegaria até o final do chopp, certo? A casa cuida muito bem de seus objetos. Todos os copos foram conferidos, um a um”. Eu ali, molhada de chopp, incrédula com o tamanho da falta de noção: “Tá, então se vocês cuidam muito bem dos copos e tudo tem um excelente padrão de qualidade, você tá querendo dizer que fui eu a culpada, é isso?”. “Não, veja bem…”. Enfim… Ficou nisso por algum tempo. Não que a culpa fosse dele. Ou da casa. Ou minha. Às vezes copos estouram mesmo. Acontece. Então pelamordedeus, pede desculpa pro cliente, traz outro chopp e deu.  Não tenta defender o que não tem defesa e insinuar que a culpa é do cliente. 

Na saída, claro, chamei o maître. O mesmo da fala linda e maravilhosa sobre o melhor lugar do mundo que estávamos prestes a conhecer. Contei todo o desastre e reclamei do garçom que tentara me convencer que talvez, quem sabe, de repente, eu que tinha quebrado o copo. Ele fechou a porta do bar/café/restaurante 24h, ficou do lado de fora conosco e desabafou: “Olha, eu sou terceirizado aqui. Sou funcionário de uma empresa que presta serviço. Mas sinceramente? Não concordo com muita coisa que acontece aí dentro. Tudo errado. A começar pelo dono. E só tem puxa-saco dele trabalhando. Esse garçom que te atendeu devia ser mais um deles. Vocês me desculpem mesmo.”

Tá né…Se o dono do lugar é bom ou mau profissional, não sei. Mas sei que não adianta investir na infraestrutura, que realmente é muito legal, e não se importar com a equipe que vai trabalhar pra ele. E com os copos que serão usados.

Triste

27 nov

dscn1129

Porque em Floripa tá assim: mesmo com Sol, chove! E o resultado é o que vocês tão vendo nesta foto. Um pouquinho de cor na tristeza que se abateu sobre a nossa Santa e Bela Catarina.
(Era uma vez uma vista para a Beira-Mar… E viva o “progresso”!)
No meio dessa tragédia toda, tá bonito ver a mobilização das pessoas, das empresas, dos outros estados, do Brasil inteiro para ajudar as vítimas do maior desastre climático da história de SC. E no meio dessa tragédia toda é de indignar a falta de sensibilidade e noção de algumas outras pessoas (poucas, ainda bem!). Um exemplo disso foi relatado ontem no blog No Palanque, pela repórter Júlia Antunes Lorenço. Lamentável. E infelizmente tem muito mais…
Os olhos do país inteiro estão voltados para cá. E os brasileiros estão podendo acompanhar o que aconteceu por aqui graças à cobertura jornalística que está sendo feita, além, é claro, da colaboração dos próprios moradores que têm enviado informações, vídeos e imagens da catástrofe. Os principais veículos de comunicação mandaram seus correspondentes. Os principais noticiários falam o tempo todo da situação, atualizando os números de mortos e desabrigados (que crescem diariamente). Datena já veio, Cabrini também. Ontem chegou Caco Barcellos com a equipe do Profissão Repórter. Se a imprensa nacional (e até internacional) está mobilizada nesta cobertura, imagine a local. E ainda tem organização de certo evento que está acontecendo em Florianópolis reclamando que as “notícias não estão saindo”. Vai ver por que, no momento, é um pouquinho mais relevante retratar da melhor maneira possível a tragédia do Vale do Itajaí.  Que falta de noção. Que falta de sensibilidade. Lamentável (2). Isso que é um evento em prol do “social”. Sim, belo social.