Ontem a chuva que caiu durante quase todo o dia em Florianópolis trouxe novembro de 2008 de volta. E o Fantástico também, que foi a Blumenau e Ilhota três meses depois da tragédia do ano passado. A tristeza também voltou. Os dramas e relatos dos sobreviventes ainda me arrepiam e entristecem. Como me entristeceu história que ouvi semana passada sobre este mesmo assunto, mas sob outro ponto de vista.
Enquanto as cidades vizinhas, o estado e o Brasil inteiro se mobilizava pra enviar ajuda e socorro pra cá, algumas fábricas da região atingida, lideradas por descendentes alemães, exigiam cumprimento do horário de trabalho. Ouvi isso, estarrecida, de quem passou por esta cobrança “trabalhista”. Impossibilitada de voltar para a sua cidade, no Vale do Itajaí, estilista de uma empresa do setor têxtil ficou em Florianópolis por três dias a mais que o previsto. Três dias em que o mundo desabava em água sobre SC. Mas três dias “úteis” para a fábrica na qual trabalhava/trabalha. Muitos funcionários tinham sido diretamente atingidos pela chuva e haviam perdido tudo: casa, família, uma vida inteira, mas ainda assim, três dias “úteis”. Quando conseguiu pegar a estrada, retornar à cidade e ao trabalho, a tal profissional foi cobrada por sua chefe, que logo quis saber quando ela cumpriria as horas que estava devendo… Afinal ela faltara três dias só por causa da chuva =)
Chuva que causou uma das maiores catástrofes naturais do país. A chefe sensata e sensível devia dar a mão pro nosso (futuro ex?) governador e sair pro mundo. Ele com os turistas que ameaçavam não vir passar as férias no litoral catarinense, e ela com as importantíssimas horas úteis. “Sair pro mundo” pra não dizer outra coisa.